Leprosa metalla
de um capítulo do Grimório de Gavita
666,oo
penso apocalipse
magnetizado pelos infinitos elétricos
filho das cobras das serpentes do mar
o sangue dos ovos répteis
nutre a caverna de minha alma
primitiva
maré centopeia
desde que aprendi a falar
os dentes rangem a interferência
dos séculos
o rugido da grande explosão
não me deixa dormir
em apenas
um mundo
olho de hórus no livro dos
demônios
lucífugo óptico rápido
na ceia dos mananciais
o liquor retine enoquiano
minha câmara escura se enche
de aparições
recursivas
castelo caravela no escuro bosque marinho
com luzes tremeluzentes
ave seres bioluminescentes
gira em minha mente cataclismo
de ícones
todos os ocasos das raças que deixaram-nos a sós
rastreando sua herança de cavernas
um mapa de ossos fracos
signos refugos lanças
hoje, com entrada franca.
pó de calipso no turíbulo de caim
I
a cabeça feminina: um pássaro
dia
dema coroada
gaiola máscula
atef
capacete raiado
o crânio catedral
a cabeça feminina e a coroa
de espinhos
santa madre do homem
espetado
o homem feldspato
enjaula 60% da crosta
terrestre
o homem talco
o espírito do pássaro
no palato
da cabeça feminina
espiralada
ressoa dínamo entre nós
nos damos bem
nossas luvas de látex
nossas máscaras
de carvão
suturam a trindade
perdida
da pele
que nos habita
II
antiga e adorada divindade
compadeço-me de tua fome
sabem os que tem na testa
tua marca bestial, sabemos bem
o que é a fome de infinito
corpos terrenos corpos celestes
harpas nódulos missais
ave mecânica satânica
ímã sacrificial
há fome no teu ventre
virgem
galáxia contorcida
compadeço-me de teu carisma materno
ensurdecedor
tua missa perecível tua benção inconstante
teu leite crisálido, enxofre na glândula
das visguentas rebentações elétricas
do caos
prole de corpos terrestres corpos marsupiais
quânticos e fervorosos
tua prole tem apetite voraz
galateia com estômago raivoso
mãe etérea pai esplendoroso
compadeço-me da tua subversão
cósmica cósmica
maia inca pele de escama
barbatana magnética
guia-nos aos teus
o que é minha fome de pão
perto do teu vazio espacial?
III
há fome no olho da lua
asteroides lâminas alienígenas raspam a atmosfera
e os homens enjaulados em suas pequenas misérias
perdem o espetáculo luminoso
andrômeda andrômeda cagliostropeia
nomes de visões empoeiradas
onde está o fonema das estrelas
novas que orbitam
um pulsar em convulsão?
ceifeira
na clarividência da tua foice
randômica
meu escafandro estelar
dia
dema
no
espelho
de raios gama
heliotropia para música sem harpas
I
ave homem feldspato
tua carne gasosa
me faz queimar
ave cinturão de magnetoides em minha aorta
homem filtrado
histeria das esferas
tua é a música radiante dos faróis eclipsados
na autoestrada da membrana mãe
auto digeríveis
o maior espetáculo da teoria m
mística monstro móvel
migalha
ave criança púrpura
ave idosa esverdeada
as cabeças mitológicas estão empaladas no circo
multiverso
micela tensão superficial
a mosca na deriva da água sabe mais da fome do sol
do que estes homens que perdem
o espetáculo
luminoso
magistral
II
há fome na epiderme solar
as espadas de fogo sacrificial das cadentes menstruadas cerram seus punhos sobre as cabeças
são ferventes são caleidoscópicas são brancas magnólias
hélio hélio revirando as órbitas encapetadas
fome de corpos terrenos de corpos celestes
rios ânforas pardais
há guerra no céu e sem fim
nem começo
os anjos foram criados para a lobotomia visceral
sua missão de fábula estroboscópica
caindo no eterno retorno
pó sidéreo
poupe suas orações para o púlpito solar
poupe suas oferendas para o prepúcio solar
os anjos tem outro nome
aqui na minha terra
assombrada de luz reverencial
onde assisto atônito e condenado
o espetáculo luminoso
o anjo rebelde atende pelo meu nome
estéril magnético
expulso do sêmen tenebroso do pai
grávido de oriente
vésper seu funeral
mesmo que o fim dos homens recheie os noticiários marcianos
os homens, os homens que um dia breve se findarão
os homens enjaulados em suas ridículas misérias
perdem o espetáculo
luminoso
sem minérios
o que é tua fome de pão
frente ao imenso sistema digestivo
solar?
III
dê-me um sonho na saciedade do sol
criança energizada
nutrida refeita na pérola da via-láctea
óvulo xamã
dê-me um sopro de luz na teia fúnebre
do encanto sideral
quando nada mais restar
uma gota da extinta geleira
boreal
na memória
peristáltica
conto os planetas
até chegar a ti
jaspe sanguíneo olho de falcão
vê como gira no teatro planetarium
a fornalha dos alquimistas
nebulosa nau
jaz extinta
na pasta amarela da fotosfera
mil estrelas mitóticas no circuito orionte
ah covil caco de mon
retina de ágata
entre o Z e o D
a caneta tinteira de asmodeus
liberta o bode expiatório
tua tecnologia não caberá na fome solar
fora, a nave das estrelas suspirantes
golpeando
mar de gametas pacífico
oceano ultravioláceo
fole alucinógeno no umbigo de deus
homem sem minerios
desfrute o caos conectivo
enquanto ainda existe
o sol
esta terra sem água